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Bolsonaro monta agenda de viagens e discute trocas de líderes
Publicado por Jornal Liberdade, julho 28, 2020
Isolado no Palácio da Alvorada havia 20 dias, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) retornou na segunda-feira (27/07) à rotina normal de trabalho após anunciar que seu exame médico deu negativo para o novo coronavírus.
No primeiro dia de volta ao Palácio do Planalto, o presidente programou agenda de viagens, fez reunião com ministros palacianos, discutiu a pauta governista e avaliou nomeações para cargos de liderança no Poder Legislativo.
Pela manhã, ainda vestindo máscara de proteção, Bolsonaro alertou a um grupo de apoiadores que não cumprimentaria ninguém com aperto de mão. “Desculpa aí. Eu estou imunizado já, mas evito o contato”, disse.
Ainda no Palácio da Alvorada, o presidente discutiu com deputados aliados nomes para a vice-liderança do governo no Congresso. Na semana passada, a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) foi retirada do posto após votar contra o Fundeb, o fundo da educação básica.
O presidente não chegou a uma definição. A ideia é que ele preencha o posto com um nome do centrão, em agosto, quando deve fazer outras trocas, como as mudanças dos vice-líderes Pedro Lupion (DEM-PR) e Izalci Lucas (PSDB-DF).
No Palácio do Planalto, Bolsonaro fez uma reunião com os ministros militares para discutir projetos prioritários e o cenário externo de tensão entre os Estados Unidos e a China. Segundo relatos feitos à reportagem, ele também pediu celeridade na votação de pautas no Legislativo.
O pedido do presidente foi repassado à tarde pelo ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, em encontro com lideres partidários. Na lista, estão o marco legal do gás, a autonomia do Banco Central, a lei de falências e o projeto do homeschooling (educação em casa).
O presidente definiu ainda que, na semana, fará duas viagens. A primeira, na quinta-feira (30/07), para a Bahia, onde deve inaugurar uma adutora. Na sexta-feira (31/07), deve visitar o Rio Grande do Sul para a entrega de um conjunto habitacional.
Durante a tarde, o presidente telefonou para o sargento aposentado do Corpo de Bombeiros Augusto Cassaniga, que participou do resgate de vítimas do incêndio no Edifício Joelma, em São Paulo, em 1974. Bolsonaro parabenizou o militar pelos seus 80 anos e gravou a conversa.
Na sequência, o presidente foi ao HFA (Hospital das Forças Armadas), em Brasília, visitar a equipe médica que ajudou em seu tratamento contra o novo coronavírus. E, ao retornar ao Palácio da Alvorada, voltou a cumprimentar simpatizantes.
“Eu posso tirar a [máscara]?”, questionou. “Não, porque vira capa do jornal amanhã”, completou.
Mesmo assim, o presidente baixou a máscara para tirar fotos com apoiadores. Ele disse que não teve sintomas fortes da doença.
“Quem tem problema de saúde e uma certa idade qualquer coisa é perigosa. Se tomar uma chuva, pega pneumonia”, afirmou.
O primeiro exame positivo do presidente foi divulgado em 7 de julho. Desde então, ele ficou recolhido no Palácio da Alvorada.
Durante esse período, passou a aparecer no jardim nos finais de tarde para alimentar emas e acompanhar a cerimônia de arriamento da bandeira nacional.
Ao longo dos últimos 20 dias, manteve uma rotina de reuniões por videoconferência, lives às quintas-feiras e de publicações nas redes sociais, muitas vezes defendendo o uso da hidroxicloroquina, medicamento que não tem efeito cientificamente comprovado no combate ao coronavírus.
No sábado (25/07), logo depois de se dizer curado, saiu de motocicleta por Brasília provocando aglomeração e, em alguns momentos, sem máscara. Foi a uma concessionária de motos, abasteceu em um posto de gasolina e visitou a deputada Bia Kicis (PSL-DF).
Na manhã de segunda, o presidente demonstrou impaciência com pedidos de um grupos de apoiadores. Ele pediu objetividade nas manifestações e reclamou das demandas.”Se todo mundo que vier aqui quiser falar comigo, vou botar um escritório, botar uma escrivaninha aqui e atender todo mundo”, disse Bolsonaro.
Ao dizer que voltaria a trabalhar, atribuiu o desemprego no Brasil a outras pessoas, mas não citou nomes.
Desde o início da crise, o presidente tem criticado prefeitos e governadores por decretos de fechamento do comércio, medida tomada para evitar aglomerações e a aceleração da disseminação do vírus.
“Pessoal, obrigado. A gente vai voltar a trabalhar hoje. Muitos problemas para resolver, muitos, que outros fizeram para a gente para botar no meu colo. Acabaram com o emprego no Brasil, a gente vai ter que trabalhar para recuperar isso daí”, afirmou.
As informações são do Folhapress.